domingo, 28 de março de 2021

 

O Rei e a Concubina.

Ah! Meu rei... Abriste-me a câmara
Dos meus desertos ancestrais
Roubaste-me o sabor de tâmara
Os verdes dos meus quintais
A aurora dos meus areais
Sobre as dunas do arquiteto
Estendeste-me, nua e lânguida
A esperar por teu afeto
Tua mão insólita
No que jaz da amante arguida
Voltam-me os dias
Lembranças destes anais
Tua espada era um verbo em chama
Sem querer tu me ferias
E hoje ainda teu fel me clama

LRM / 21/06/2015


       
            




sábado, 22 de março de 2014

Emancipação pessoal




Maioridade, no aspecto legal da palavra, acontece conforme a pessoa atinge uma determinada idade cronológica, previamente estabelecida, com a qual se supõe ter adquirido capacidades intelectuais e físicas suficientes para exercer, com seu próprio juízo, alguns atos da vida civil como votar, tirar carteira de habilitação ou contrair matrimônio. Porém, em determinados casos, como o do casamento, que em geral ocorre quando o menor gera um filho, ou em casos de viagens para o exterior, é possível aos pais e autoridades competentes concederem a alguns menores a emancipação em idade antecipada.
Quando se trata de emancipação pessoal sob o âmbito da maturidade espiritual, porém, não há um indicativo claro e decisivo, tampouco um órgão de avaliação que faça a aferição deste estágio.
Em casos que se evidenciam por projeção mundial, como o de Gandhi, Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá ou Irmã Dulce, por exemplo, tal aferição se torna desnecessária, pois até mesmo o mais tolo dos humanos é capaz de referendar a maturidade espiritual desses espécimes mais raros.
Mas a maioridade espiritual não resulta, necessariamente, em projeção social. Se alguns o tiveram por efeito do trabalho benemérito, a projeção e o reconhecimento são fatores consequentes. Mas quando o indivíduo prefere viver em anonimato, ainda que tenha a alma desperta, exerça o bem e sua maturidade, dificilmente a altitude do seu espírito é reconhecida.
O difícil, para a maioria, é imaginar que pessoas comuns podem se tornar despertas, pessoalmente emancipadas, mesmo sem se sentirem em santidade. Mas desde que o seu cálice esteja esvaziado, isto também será possível.
Um dos aspectos principais da nossa missão de vida é olvidar as crenças que nos mantiveram à margem das possibilidades evolutivas e mergulhar no universo quântico, onde nos reconhecemos os autores, e não a obra.
A dificuldade atual em nos permitirmos o esvaziamento que nos coloca na posição de “observadores criativos” advém do fato de confundirmos a ilusão com a verdade, a projeção holográfica com a realidade.
Estamos no limiar de um era de espiritualização, na qual os conceitos pré-concebidos caem por terra para darem lugar à manifestação da “verdade real”.
Esvaziar o cálice do conhecimento, desconstruir as imagens formadas em nosso psiquismo sobre o mundo, o universo, nós mesmos e tudo mais, pode ser tarefa para uma vida inteira ou apenas alguns minutos, tudo depende da disposição íntima para empreender tal obra.
Se você estiver disposto, o conhecimento necessário virá até você.